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Preços do Boi gordo sustentam céu de brigadeiro em 2020?

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Fonte: http://pecpress.com.br/precos-do-boi-gordo/

Preços do Boi gordo sustentam céu de brigadeiro em 2020?

Eis que um majestoso horizonte surge para os preços do boi gordo no Brasil, quase como uma dádiva de Apolo.

O mercado físico deslancha com altas diárias superiores a 1% por dia em novembro, o que fez decolar a cotação do boi gordo no mercado futuro (B3).

Poucos acreditaram no lançamento da primeira sessão de R$ 180 para outubro de 2020. Soou como fake news.

Até pouco tempo atrás as cotações andavam que nem caranguejo, ainda reflexo de uma economia fragilizada pela crise política que arrastou o consumo de carne bovina para o limbo.

Aos trancos e barrancos, os preços do boi gordo reagiram, R$ 152 em janeiro de 2019 e R$ 156 seis meses depois – alta de 2,6% (veja na tabela).

Por outro lado, o custo operacional efetivo (COE) da pecuária de corte, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que considera 13 praças, cresceu 2,12% no mesmo período. Em 2018, foi 1,58%.

Entretanto, em maio, a nebulosidade começou a dissipar com a ida da ministra da Agricultura Tereza Cristina à China para negociar a liberação de 30 novas plantas frigoríficas para exportação. Voltou com apenas 17.

Cinco de carne bovina, oito de aves e quatro de suína. Era pouco, mas a reviravolta aconteceu em agosto, com o bombástico anúncio dos focos de peste suína no país asiático.

A doença dizimou um terço do rebanho local até o momento e o controle total dos focos pode demorar mais cinco anos.

O prelúdio incorreu na habilitação de mais 25 unidades, informadas pelo Ministério da Agricultura em 9 de setembro.

Agora são 89, sendo 17 de carne bovina, seis de frango, uma de suína e uma de asinina. Setembro encerrou com arroba de R$ 160.

Desde então, o que se vê são altas subsequentes nos preços do boi gordo. Meio a tudo isso, mais cinco abatedouros bovinos, cinco de suínos e três de aves foram aprovados pela autoridade sanitária chinesa, em 12 de novembro.

O Dragão Chinês responde por US$ 1,5 bilhão em importações de carne bovina brasileira e já aumentou as embarques do produto em mais 40%.

Resultado: a cotação do boi gordo bateu os R$ 192,00 à vista, em São Paulo (14/11). Um dia depois o balizador GPB divulgava negócios na ordem de R$ 205.

“São Paulo, Mato Grosso do Sul, Pará e Tocantins não têm boi. Só Goiás está um pouquinho melhor”, informa Oswaldo Furlan, membro do Grupo Pecuária Brasil (GPB).

Preços do boi gordo com @ de R$ 200 é realidade

O céu de brigadeiro forma-se a partir de forte amplitude térmica, ainda assim é difícil saber até onde isso tudo pode chegar e se vai se sustentar no longo prazo.

O relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), traz uma pista: a China terá aumentado a importação de carne bovina em 63,6% até dezembro.

O órgão também prevê nova alta de 20,8% em 2020, ou seja, são quase 100% em menos de um ano, valores que podem ser revistos para cima, lembrando que os árabes também entrarão na disputa.

Eles credenciaram oito frigoríficos de bovinos. Indonésia, o maior país muçulmano, é outro que pode sair às compras a qualquer momento.

“Existe espaço para essa arroba do boi gordo de 200 Reais, a questão é se ela vai ceder. Nós temos todos os fatores apontando para um cenário de alta para 2020”, resume o analista Hyberville Neto na Carta do Boi da Scot Consultoria.

Esse é um ponto importante porque o mercado do boi gordo arrefece apenas na safra, composta, em sua maioria, por gado a pasto. “Gado a pasto no Brasil , geralmente, não tem os 30 meses que o boi-china exige”, informa.

Relação de troca será positiva para confinadores

Com baixa oferta de machos jovens terminados, haverá uma forte demanda por novilhas. “Isso inflaciona o mercado como um todo, inclusive o boi gordo. No período de safra, normalmente pressionado, talvez tenhamos a surpresa de preços consistentemente mais firmes”, observa Hyberville.

Para os confinadores, a expectativa é de milho mais caro, devido à redução de 22% nos estoques finais no ciclo 2019/2020, e reposição também com preços superiores, embora, não necessariamente, com relação de troca ruim.

A intensa disputa por bovinos jovens no mercado spot podem favorecer os preços futuros do boi, como já tem ocorrido.

“Vai ter uma corrida de boi a termo para o segundo semestre. Frigoríficos pequenos e médios habilitados à China, que não usavam essa ferramenta, vão se utilizar dela porque precisam de boi também”, aponta o especialista, complementando que eles vão sofrer com a concorrência dos grandes.

De janeiro a outubro, o Brasil exportou mais de 1,2 milhão de toneladas de carne in natura, recorde de toda a série histórica.

Economia favorece consumo de carne bovina

Informações da Carta Boi da Scot Consultoria destacam as projeções do relatório Focus, elaborado pelo Banco Central, que apontam para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2% em 2020. É pouco, mas acima do 0,9% projetado para 2019.

O consumo doméstico de carne bovina também está em recuperação e a tendência é de continuidade. Tomando um indicador como exemplo, a Intenção de Consumo das Famílias, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), subiu 0,2% em outubro e, na comparação anual, está 7,7% maior.

Com a taxa Selic mais baixa da história (5%), economia reaquecendo e população ligeiramente mais capitalizada, no curto prazo, o mercado de reposição firme e o consumo interno devem sustentar os preços do boi gordo na faixa de R$ 200/@.

Voo em céu limpo também pode apresentar turbulência inesperada, no entanto, não é o que as coordenadas apontam até o momento.

Uma análise completa de macroeconomia, mercado do boi gordo e consumo de carne bovina será apresentada por um time de peso no Encontro de Analistas da Scot Consultoria, em 29 de novembro, na capital paulista. Informações: (17) 98107-2666.

Cotação da arroba do boi gordo no decorrer do ano em São Paulo

DataValor
30/01/2019R$ 152
28/02/2019R$ 152
30/03/2019R$ 155
29/04/2019R$ 157
30/05/2019R$ 153
28/06/2019R$ 156
28/07/2019R$ 156
30/08/2019R$ 156
30/09/2019R$ 160
30/10/2019R$ 166
01/11/2019R$ 167
07/11/2019R$ 173
12/11/2019R$ 181
14/11/2019R$ 192
19/11/2019R$ 205
Dezembro/2019R$ 204,40/B3
Janeiro/2020R$ 204,40/B3
Outubro/2020R$ 218
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