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Dúvida cruel: brete coletivo ou brete individual

Quando um técnico questiona a efetividade de um equipamento dentro da propriedade, certamente ele está falando de algo que não está trabalhando como a rotina exige. Um deles é o brete ou tronco de contenção.

Independente da denominação, nos tempos atuais, trata-se de um equipamento imprescindível. O brete ou tronco coletivo, por exemplo, em alguns lugares é chamado de seringa, corredor, brete de vacinação ou tronco coletivo; e é destinado a atender certos procedimentos com o gado.

Já o tronco ou brete de contenção individual – para atendimento de apenas um animal por vez – destina-se exatamente àquelas tarefas que envolvem um único bovino. Por exemplo, uma pesagem. Mas uma série de outras rotinas também requerem essa estrutura própria.

Mas, reforçando, o certo é pensar que os troncos ou bretes de contenção são especialmente elaborados e construídos para promoverem a contenção – imobilização completa ou parcial de um ou mais animais – de maneira que se possa realizar as tarefas com total segurança tanto para o operador quanto para o bovino.

Dimensionamento do brete individual (tronco de contenção)

Como já exposto no Blog da Açôres anteriormente, o dimensionamento dos equipamentos, primordialmente os currais, devem levar em consideração, basicamente, o volume de animais atendidos, a mão de obra em número e qualificação, e a frequência dos procedimentos.

Estes números formam a equação que determina o dimensionamento. Também é preciso considerar o nível de tecnologia a ser empregada no presente e no planejamento, uma vez que outras técnicas podem ser incorporadas com o passar do tempo.

Um exemplo fácil de entender é: se hoje o pecuarista não faz a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), mas almeja fazê-la em duas ou três estações de monta, é sensato em um equipamento que vai atender esta expectativa.

Para o tronco ou brete de contenção individual, podemos especificar:

  • Pesagem (aqueles com balança eletrônica integrada): para todos os fins, inclusive para os de mensuração de desempenho.
  • Marcação a Fogo: tarefa bastante tradicional que buscar identificar indivíduos ou somente lotes específicos, dentro de um plano de gerenciamento do rebanho.
  • Colocação de Brincos (eletrônicos ou não): colocação de brincos nos bovinos para facilitar identificação de cada bovino animal e auxiliar na rastreabilidade do rebanho.
  • Inseminação Artificial: inserção de sêmen nas fêmeas.
  • Sincronização de Cio: indução hormonal das matrizes.
  • Verificação de Prenhez: método de toque ou ultrassom.
  • Casqueamento: cuidados gerais nos cascos dos animais.
  • Coleta de Fezes: para fins de exames laboratoriais.
  • Coleta de Sangue: Para várias finalidades.
  • Ultrassonografia de Carcaça: para análise de características como marmoreio, espessura de gordura subcutânea e área de olho de lombo.
  • Teste em Reprodutores: coleta de sêmen por eletro-ejaculação e medição da circunferência escrotal.
  • Descorna: retirada cirúrgica dos chifres.
  • Castração: por burdizzo de forma mecânica não invasiva ou por meio de remoção cirúrgica, sempre dos testículos.

Recomendações para o brete ou tronco de contenção

Já foi comprovada que a utilização do brete ou tronco de contenção individual para a vacinação, por exemplo, agiliza a tarefa e a torna mais bem-sucedida. Tempo e sucesso é sempre diferencial de lucratividade, em qualquer segmento econômico.

O recurso ainda proporciona mais segurança ao manejador e o bovino. Sem dúvidas, os principais benefícios oferecidos por esse equipamento são a agilidade e eficiência na execução das tarefas mencionadas e no manejo do rebanho.

Além disso, a realização das tarefas se torna mais segura tanto para o operador como para o animal, que passa a ter maior bem-estar nesses momentos. Outra vantagem da contenção individual é na preservação das carcaças dos animais, evitando perdas causadas por lesões.

Em média, cada uma delas resulta em um quilo de carne rejeitada no frigorífico. Então, cem animais em pesagem com um hematoma cada, seriam 100kg de carne perdida ou mais de seis arrobas jogadas fora.

Versatilidade e materiais de qualquer brete

Tanto faz se coletivo ou individual, estamos falando de equipamentos que podem atender ainda outras demandas, até as de improviso com certo planejamento pela experiência. Equipes treinadas e conscientes em cada função é sempre uma garantia a mais do bom uso do patrimônio da fazenda: pessoas, animais e equipamentos.

Por isso, o pecuarista ou profissional que assiste a uma propriedade precisa estar atento. Há uma série de modelos de bretes, com durabilidade, porte e orientação de tarefas mais adequada às necessidades em pauta.

Especificamente no item durabilidade, embora a configuração também interfira, os materiais respondem de maneira diferente. No caso do brete ou tronco coletivo, há os de concreto, metálicos e os tradicionais de madeira.

Cada um tem seu custo e durabilidade. Porém, o benefício no manejo, de imediato pode ser exatamente o mesmo.

Já nos de contenção individual, que até podem ser múltiplos – um mesmo corredor levando a vários deles individuais, por meio de fechar e abrir dos portões – atualmente há diversas combinações de materiais, dependendo da tecnologia embarcada.

Podem mesmo ser até totalmente automatizados, administrados por um computador que lê sensores e faz sozinho quase tudo que uma equipe faria. Porém, alta tecnificação nem sempre gera o custo/benefício necessário. Depende do planejamento e do número do rebanho.

Contenção inadequada gera lesões de carcaça

Em 2017, quando o Brasil viu finalmente os EUA abrirem suas portas para a carne bovina brasileira in natura, passamos por um grande vexame. Já nos primeiros contêineres que lá chegaram, uma série de carcaças foram recusadas pela presença de abcessos vacinais.

Tudo poderia ter sido evitado! Bastava apenas uma contenção mais adequada na hora da aplicação.

Segundo o levantamento do Grupo de Estudos em Etologia e Ecologia Animal (ETCO), da Unesp de Jaboticabal (SP), o Brasil perde por ano, cerca de 12 mil toneladas de carne em função de contusões nas carcaças decorrentes, principalmente, do mau manejo realizado nas fazendas.

Parte disso tudo poderia ser minimizada com uma boa escolha de tronco. O equipamento é um dos mais importantes na propriedade rural atualmente e o que mais necessita de cuidados e atenção.

Conclusão

Os bretes ou troncos de contenção coletivos e individuais podem ser estratégias utilizadas em conjunto, a fim de refinar o manejo, ou separadamente. A escolha do melhor método depende do planejamento proposto, entretanto, há manejos possíveis apenas no tronco de contenção individual.

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